NOSTALGIA
Era já tarde, querida,
Quando disse a despedida
A esse terno lugar...
Os passarinhos cantando
Pareciam-me saudando
A saída do meu lar...
A minha saudade é tanta
Pela minha terra santa,
Pelo meu terno cantinho!
Terra de rosas, de flores,
A terra dos meus amores,
A terra do rosmaninho…
Uma só pedra que seja
Que eu da rainha terra veja
Logo me dá a saudade,
E a alegria em mim crepita
De em ti nascer, e acredita
Que disso tenho vaidade...
Terra linda, terra amada,
Foste tão bem situada
No coração de Portugal!...
Terra de rosas, de flores,
A terra dos meus amores,
Terra bela, sem igual!
E quando à noite eu vagueio,
Mansamente, no teu seio,
No Eden julgo que vivo!...
Terra de fontes cantantes,
De ribeiros murmurantes,
Por ti me sinto cativo!...
Pois em ti foi que um olhar,
Me prendeu, me fez cismar
Nas lindas margens do Tejo
Todas cobertas de trevo...
Não digo mais, não me atrevo,
Não digo mais, tenho pejo...
Terra onde meus pais nasceram,
Onde meus avós morreram,
Onde eu nasci afinal...
0' meu vergel odoroso,
Belo recanto amoroso
Deste lindo Portugal!
Bordam-te mil arabescos
As ervas dos campos frescos
Dos teus ribeiros plangentes...
E as avezinhas, coitadas,
P'las ramagens perfumadas
Cantam hinos inocentes!
Lindo recanto beirão,
Trago-te no coração,
O' minha terra natal!
São verdejantes teus montes
Onde soluçam as fontes
Do meu velho Portugal!
Na minha terra as moçoilas,
Vermelhas como papoilas,
De terem tão linda côr,
Se são vistas pelas rosas,
Ficam estas vergonhosas,
'Té s'escondem de pudor!...
1930.
Sem comentários:
Enviar um comentário