quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

NOSTALGIA

NOSTALGIA


 


 

Era já tarde, querida,

Quando disse a despedida

A esse terno lugar...

Os passarinhos cantando

Pareciam-me saudando

A saída do meu lar...


 

A minha saudade é tanta

Pela minha terra santa,

Pelo meu terno cantinho!

Terra de rosas, de flores,

A terra dos meus amores,

A terra do rosmaninho…


 

Uma só pedra que seja

Que eu da rainha terra veja

Logo me dá a saudade,

E a alegria em mim crepita

De em ti nascer, e acredita

Que disso tenho vaidade...


 

Terra linda, terra amada,

Foste tão bem situada

No coração de Portugal!...

Terra de rosas, de flores,

A terra dos meus amores,

Terra bela, sem igual!


 

E quando à noite eu vagueio,

Mansamente, no teu seio,

No Eden julgo que vivo!...

Terra de fontes cantantes,

De ribeiros murmurantes,

Por ti me sinto cativo!...


 

Pois em ti foi que um olhar,

Me prendeu, me fez cismar

Nas lindas margens do Tejo

Todas cobertas de trevo...

Não digo mais, não me atrevo,

Não digo mais, tenho pejo...


 

Terra onde meus pais nasceram,

Onde meus avós morreram,

Onde eu nasci afinal...

0' meu vergel odoroso,

Belo recanto amoroso

Deste lindo Portugal!


 

Bordam-te mil arabescos

As ervas dos campos frescos

Dos teus ribeiros plangentes...

E as avezinhas, coitadas,

P'las ramagens perfumadas

Cantam hinos inocentes!


 

Lindo recanto beirão,

Trago-te no coração,

O' minha terra natal!

São verdejantes teus montes

Onde soluçam as fontes

Do meu velho Portugal!


 

Na minha terra as moçoilas,

Vermelhas como papoilas,

De terem tão linda côr,

Se são vistas pelas rosas,

Ficam estas vergonhosas,

'Té s'escondem de pudor!...


 

1930.


 

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