TRIGUEIRA
A LlSEA MARCETE.
Num áureo dia de Abril
Vi-te, trigueira, a chorar.
Julgando ver uma santa,
Junto de ti fui rezar...
Rezei, e com tanta fé!...
Quando, trigueira, me viste,
Tiveste pena de mim
E, erguendo a fronte, sorriste.
Trigueira, linda trigueira,
De olhos pretos e rasgados!
Por causa desses teus olhos
Cometo muitos pecados!
Tuas sobrancelhas são
Semi-circ'los de veludo:
E retratadas estão
Nos meus livrinhos de estudo.
Trigueira, esbelta trigueira,
De olhos da côr dos carvões!
Por causa de teus olhares
Pecam muitos corações!
Eu hei-de mandar ao céu,
O' trigueira, o teu olhar...
Para saberem os anjos
Como é lindo, d'encantar…
Outros rostos, não m'importa
Que possa haver, côr de rosa…
Se a tua tez, ó trigueira,
Para mim é mais formosa!
Tu cuidas que não és linda
Com tudo o que tens de teu?
Para mim és mais luzente
Do que as estrelas do céu!
O teu olhar, ó trigueira,
E' tão meigo e inebriante
Que seduziu de repente
A alma dum estudante.
Por veres níveas mulheres
Não lhes cobices a côr...
Olha que o rosto trigueiro
Para mim tem mais valor!
Sem comentários:
Enviar um comentário