quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

TRIGUEIRA

TRIGUEIRA



A LlSEA MARCETE.



Num áureo dia de Abril

Vi-te, trigueira, a chorar.

Julgando ver uma santa,

Junto de ti fui rezar...


Rezei, e com tanta fé!...

Quando, trigueira, me viste,

Tiveste pena de mim

E, erguendo a fronte, sorriste.


Trigueira, linda trigueira,

De olhos pretos e rasgados!

Por causa desses teus olhos

Cometo muitos pecados!


Tuas sobrancelhas são

Semi-circ'los de veludo:

E retratadas estão

Nos meus livrinhos de estudo.


Trigueira, esbelta trigueira,

De olhos da côr dos carvões!

Por causa de teus olhares

Pecam muitos corações!


Eu hei-de mandar ao céu,

O' trigueira, o teu olhar...

Para saberem os anjos

Como é lindo, d'encantar…


Outros rostos, não m'importa

Que possa haver, côr de rosa…

Se a tua tez, ó trigueira,

Para mim é mais formosa!


Tu cuidas que não és linda

Com tudo o que tens de teu?

Para mim és mais luzente

Do que as estrelas do céu!


O teu olhar, ó trigueira,

E' tão meigo e inebriante

Que seduziu de repente

A alma dum estudante.


Por veres níveas mulheres

Não lhes cobices a côr...

Olha que o rosto trigueiro

Para mim tem mais valor!



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